Neste sábado (7), o ex-candidato à presidência da Venezuela, Edmundo González Urrutia, deixou o país rumo à Espanha, onde foi concedido o status de asilado político. A decisão foi confirmada por José Manuel Albares, ministro das Relações Exteriores da Espanha, que anunciou a decolagem de González de Caracas em um avião da Força Aérea Espanhola. A saída do político marca mais um capítulo da crescente tensão entre o governo de Nicolás Maduro e seus opositores, destacando a instabilidade política que assola o país sul-americano.
Edmundo González, que estava abrigado na embaixada espanhola em Caracas, enfrentava a iminência de ser preso por acusações relacionadas à divulgação de resultados eleitorais paralelos em um website. O opositor rejeitou as acusações repetidamente, chamando-as de uma tentativa do governo Maduro de silenciá-lo. Cinco dias antes de sua partida, um tribunal venezuelano havia emitido uma ordem de prisão contra González, acirrando a tensão política no país.
Segundo Delcy Rodríguez, vice-presidente da Venezuela, o governo concedeu asilo ao opositor “em prol da tranquilidade e da paz política no país”. A declaração, feita por meio de uma publicação no Instagram, antecedeu a confirmação oficial da saída de González do país.
O episódio ocorre em meio a uma crise diplomática entre a Venezuela e o Brasil, que teve sua autorização para representar os interesses argentinos no país revogada. A medida venezuelana é justificada pelo governo Maduro como uma resposta ao que seria um uso da embaixada argentina para planejar atentados contra o regime. A Argentina e o Brasil responderam prontamente, condenando a decisão unilateral e reforçando a necessidade de respeito à Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas.
Perseguição política e repressão
O clima de repressão aos opositores na Venezuela, sob a liderança de Nicolás Maduro, tem sido alvo de críticas internacionais. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) já classificou as ações do governo como “terrorismo de Estado”. A oposição, liderada por figuras como María Corina Machado, denuncia uma escalada de perseguições políticas, prisões arbitrárias e tentativas de silenciamento daqueles que se posicionam contra o governo.
“A partir da nossa histórica vitória em 28 de julho de 2024, o regime desencadeou uma onda brutal de repressão contra todos os cidadãos, classificada como terrorismo de Estado pela CIDH [Comissão Interamericana de Direitos Humanos], que incluiu todos os tipos de ataques contra o Presidente eleito e seu entorno”, comentou Machado.
“A sua vida estava em perigo, e as crescentes ameaças, intimações, mandados de prisão e mesmo as tentativas de chantagem e coação a que foi sujeito demonstram que o regime não tem escrúpulos nem limites na sua obsessão em silenciá-lo e tentar subjugá-lo”, adicionou
A saída de Edmundo González da Venezuela é vista como um alívio temporário para o opositor, que segundo Machado, “estava em perigo”. A líder opositora enfatizou a necessidade de preservar a vida e a liberdade de González diante das crescentes ameaças do regime. Após sua chegada à Espanha, os procedimentos para formalizar o pedido de asilo serão iniciados, com a expectativa de uma resolução favorável.
Este evento reflete a contínua deterioração da situação política na Venezuela, destacando a complexa relação entre o governo Maduro e a comunidade internacional. O desfecho do pedido de asilo de Edmundo González na Espanha será acompanhado de perto, com possíveis repercussões nas tensões diplomáticas e nos direitos humanos no mundo.
Por Redação Info Brasil Notícias.